Nome da disciplina:
"As bebidas alcoólicas e outras drogas psicoativas na História"
Prof. Dr. Henrique Soares Carneiro (Departamento de História-USP)
Segundo semestre de 2004
Objetivos:
Introduzir de forma panorâmica
a multiplicidade de significados culturais dos consumos de psicoativos
na história e a bibliografia histórica e antropológica
que vem constituindo este campo de pesquisa num diálogo interdisciplinar.
As aulas irão situar, a partir dos textos propostos, a questão
teórica das drogas na história, como definição
de um campo e de um objeto múltiplo que partilha aspectos da alimentação,
da cura, da devoção. As drogas inserem-se na História
das Religiões, na História da Ciência, na História
Econômica, Política e Social. Os diversos ângulos de
análise serão estudados a partir da bibliografia proposta
e, especificamente, examinar-se-á a história dos álcoóis,
do ópio, do tabaco, do cânhamo, das bebidas excitantes (café,
chá, chocolate, etc), e dos alucinógenos, de forma a percorrer
as transformações históricas nas práticas
de uso de psicoativos.
Justificativa:
O tema das drogas ou substâncias
psicoativas reveste-se de inúmeras facetas, desde as conquistas
científicas que permitem a descoberta e invenção
cada vez de um maior número de psicofármacos sintéticos
ou originários de usos tradicionais em comunidades indígenas,
até as formas hipertrofiadas de uso compulsivo de substâncias
aditivas, como o tabaco, o álcool e os opiáceos, entre outras,
que constituem-se, tanto nas formas legalizadas como nas ilegais, como
alguns dos maiores mercados das épocas moderna e contemporânea.
A importância das substâncias psicoativas para a psicologia
é inestimável, os psicofármacos não apenas
cumprem o papel de remédios excepcionais como fornecem elementos
para a compreensão dos processos psíquicos. O uso religioso
caracteriza as práticas de êxtase de inúmeros povos.
O consumo massivo marca a era mercantil moderna da unificação
planetária com a expansão do álcool destilado assim
como do tabaco, das bebidas excitantes e de outras substâncias.
Para se compreender o estatuto econômico, político, cultural
e científico das drogas torna-se indispensável um olhar
histórico que desvende os nexos e os interesses que buscam regulamentar
socialmente o consumo destas substâncias que assumem importantes
papéis culturais como veículo de devoção,
de cura, de identidades étnicas, de gênero e nacionais, entre
outras.
Conteúdo:
1) Bebidas alcoólicas e drogas:
alimentos ou remédios, luxos ou necessidades?
2) Classificação das
drogas e dos estados e dimensões psíquicas nas ciências
do século XIX.
3) Importância social e econômica
e significados culturais do consumo dos álcoóis.
4) Cogumelos e religião.
O conceito de enteógeno.
5) Controles políticos e
regulamentações morais. História dos proibicionismos.
6) O cânhamo como planta industrial
e medicinal.
7) Experimentação
de drogas e a construção do self moderno
8) Os excitantes modernos (chocolate, chá, café)
9) Drogas e colonização
do imaginário: idolatria alucinatória na América
10) A expansão conquistadora
do tabaco
11) O psicodelismo contemporâneo
12) O futuro da psicofarmacologia.
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"As bebidas alcoólicas e drogas psicoativas na História"
2º semestre 2004
Prof. Dr. Henrique S. Carneiro.
Cronograma dos textos para cada
aula
25 de agosto
1) Bebidas alcoólicas e drogas: alimentos ou remédios, luxos
ou necessidades?
Fernand Braudel, O supérfluo e o vulgar: alimentação
e bebidas, in Civilização material e Capitalismo, tomo 1,
pp.182-214.
1 de setembro
2) Controles políticos e regulamentações morais.
Antonio Escohotado, Historia de las Drogas, vol. 1, pp. 9-58.
15 de setembro
3) História dos proibicionismos.
Jonathan Ott, Pharmacotheon. drogas enteogénicas, sus fuentes vegetales
y su historia, pp. 19-71 (Proemium).
22 de setembro
4) Os significados das bebidas alcoólicas.
Louis E. Grivetti, Wine: The Food with Two Faces, in The Origins and Ancient
History of Wine, pp. 9-17.
29 de setembro
5) Cogumelos e religião. O conceito de enteógeno.
Gordon Wasson, La Búsqueda de Pérsofone. Los enteógenos
y los orígenes de la religión, pp. 13-34.
6 de outubro
6) O cânhamo como planta industrial e medicinal.
Garcia da Orta, Colóquio do Bangue, (1563).
Rowan Robinson, O grande livro da Cannabis, pp. 64-102.
documentário "Grass".
13 de outubro
7) Os excitantes modernos (chocolate, chá, café)
Wolfgang Schivelbusch, Histoire des stimulants, pp. 21-55; 71-78.
20 de outubro
8) Experimentação de drogas e a construção
do self moderno
Richard Davenport-Hines, The Pursuit of Oblivion. A Global History of
Narcotics, pp. 21-42.
27 de outubro
9) Drogas e colonização do imaginário: idolatria
alucinatória na América
Serge Gruzinski, La colonización de lo imaginario. Sociedades indígenas
y occidentalización en el México español. Siglos
XVI-XVIII, pp. 216-225.
3 de novembro
10) A expansão conquistadora do tabaco
Fernando Ortiz, Contrapunteo cubano del tabaco y el azúcar, pp.
258-288.
10 de novembro
11) O psicodelismo contemporâneo
Aldous Huxley, Drogas que moldam a mente dos homens (1958), in Moksha,
pp. 181-193.
17 de novembro
12) O futuro da psicofarmacologia.
J. Ott, Paraísos naturales, in Los enteógenos y la ciencia,
pp. 91-108.