Religiões ayahuasqueiras: um balanço bibliográfico Autores: Beatriz Caiuby Labate,
Doutoranda em Antropologia pela UNICAMP, Isabel Santana de Rose, Doutoranda
em Antropologia pela UFSC, Rafael Guimarães dos Santos, Doutorando
em Farmacologia na Universidade Autônoma de Barcelona. Pesquisadores
do NEIP (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos,
www.neip.info). Resultado de um esforço extraordinário de jovens pesquisadores brasileiros, este trabalho aborda, originalmente, um fenômeno que reflete e sintetiza uma forma de busca espiritual contem-porânea. Refiro-me à emergência das chamadas religiões ayahuasqueiras, classificação utilizada para identificar agrupamentos organizados em torno do uso ritual de bebida preparada com as plantas Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis, conhecida como ayahuasca, e considerada pelos membros destes grupos um sacramento. A palavra ayahuasca, originária do idioma quéchua, falado por populações de origem indígena, localizadas entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio, na América do Sul, tem sido traduzida como “cipó das almas”, numa referência às propriedades psicoativas divinatórias da planta Banisteriopsis caapi, utilizada (cozida juntamente com a Psychotria viridis) por estes sistemas religiosos. São três as vertentes mais conhecidas e reconhecidas das religiões ayahuas-queiras, todas estabelecidas no século XX: a primeira, fundada por Raimundo lrineu Serra e seguidores entre os anos 20 e 30, no estado do Acre, Brasil, ficou conhecida como a “Linha do Mestre lrineu”. Uma segunda, conhecida como Barquinha, foi fundada por Daniel Pereira de Mattos, nos anos 40, nos arredores da cidade de Rio Branco, também no estado do Acre. Uma terceira vertente, a União do Vegetal, teve como fundador José Gabriel da Costa, e surgiu no estado brasileiro de Rondônia, nos anos 60. Contemporaneamente, as religiões ayahuasqueiras têm se expandido para outras regiões do planeta, despertando grande curiosidade e uma produção crescente de pesquisa e reflexão sobre o assunto. Assim, enquanto o que chamamos Ocidente se esforça em tentar enquadrar, regular e controlar legal e politicamente esse extraordinário fenômeno (no final do século XX, em países europeus e nos Estados Unidos foram abertos processos criminais contra membros das religiões ayahuasqueiras), os organizadores desta obra, Beatriz C. Labate, Isabel S. de Rose e Rafael G. dos Santos, buscaram constituir um extenso e rico instrumental de consulta, que além de um “balanço bibliográfico”, como os autores o denominam, constitui-se numa fonte de grande utilidade para auxiliar quem se aventura pelos vários caminhos de indagação que o conhecimento sobre e a experiência com a ayahuasca desperta. Referência obrigatória para os estudos sobre o assunto, o livro inclui ainda dois capítulos-comentários, nos quais os autores abordam importantes aspectos da produção bibliográfica sobre as religiões ayahuasqueiras, proporcionando assim que se tenha também uma interessante idéia analítica da relevância, da extensão e da complexidade da produção bibliográfica sobre o tema. >>início
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