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Departamento de História - FFLCH -USP Realização:
NEIP – Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos
Resumo das apresentações (por ordem alfabética) 1) Alexandre Camera Varella (Mestrando em História pela USP/NEIP) “Y que no sea borracho ni coquero”: psicoativos e o Mundo Andino em Guaman Poma Figura controvertida da região centro-sul dos Andes peruanos, Guaman Poma se apresentou como “príncipe” em um longo manuscrito enviado a sua alteza real Felipe III da Espanha queixando-se da ganância e maus tratos dos conquistadores e funcionários espanhóis, especialmente de encomenderos e corregidores, e da similar concupiscência de padres e missionários, inclusive criticando “índios principais” comparsas dos exploradores do vice-reinado do Peru. Mas, enfim, como índio ladino, ou seja, vestindo-se como espanhol e capaz de falar a língua do invasor e escrevê-la, posava como grande devoto cristão. Aliás, participara ativamente da campanha de combate aos costumes “idólatras” das populações nativas acompanhando o Visitador Albornoz, tendo talvez cumprido a função de intérprete. Um documento legal indica que foi requisitado como escrivão num litígio de terras entre comunidades indígenas rivais. Na sua “carta ao rei”, com centenas de gravuras e mais de mil páginas, compôs narrativas históricas, relatos do cotidiano e discursos com ares de prédica eclesiástica em um texto com requintes de ironia e sátira. Ele teria nascido anos após a conquista de Pizarro, bem como teria completado sua crônica quando já idoso, no início do século XVII. É notório como Guaman Poma circulava com desenvoltura entre a cultura letrada espanhola e a oral nativa, permeando seu discurso moral católico com o olhar fino de uma etnografia rigorosa dos Andes Centrais. Ao recuperar este relato original, buscamos examinar indícios da cultura do uso de psicoativos pela população nativa, notadamente, o consumo de folhas de coca e da bebida chicha. Entre outras questões, sugerimos a relação entre os psicoativos e o xamanismo ancestral, tensões entre usos cerimoniais e usos cotidianos de drogas, o papel da embriaguez e seus sentidos complexos, dentro da perspectiva de avaliar permanências e mudanças na história da conquista da América. Nesta apresentação, pretendemos ainda mostrar algumas ilustrações de Guaman Poma no que dizem respeito ao uso de psicoativos.
Ética humana, sabedoria das plantas O conceito indígena de
que as plantas psicoativas têm verdades para nos 3) Anthony Henman
(Mestre em Antropologia, Escritor e Pesquisador Políticas de redução de danos frente à coca e seus derivados O movimento internacional de redução
de danos ainda não encontrou uma 4) Beatriz Caiuby Labate (Doutoranda em Ciências Sociais pela Unicamp/NEIP) Notas sobre a expansão das religiões ayahuasqueiras brasileiras para o exterior Assim como o Santo Daime e a União
do Vegetal tem se expandido por todo o Brasil e por vários continentes
do mundo, há um enorme boom nos estudos acadêmicos sobre
a ayahuasca. Totalizam-se hoje 41 teses de mestrado e doutorado sobre
estes dois grupos e a Barquinha. Há, entretanto, uma enorme lacuna
na bibliografia sobre o tema: apenas um estudo aborda a expansão
do Santo Daime para fora do país. Esta comunicação
fará um mapeamento geral da expansão do Daime e da UDV
para o exterior, incluindo alguns dados históricos, a localização
dos principais agrupamentos, características gerais sobre os
seus mecanismos de funcionamento e o status legal da ayahuasca
em alguns países. Por um lado será pensado o impacto da
criação de igrejas do Santo Daime no exterior e da circulação
das “comitivas daimistas” na dinâmica do grupo e,
por outro, algumas das implicações da batalha jurídica
que a UDV vem empreendendo nos EUA há seis anos pela sua legalização.
A argumentação levantada no processo por ambas partes
permite pensar importantes questões antropológicas, como
a noção de “religião”, “autenticidade”,
“tradição”, “local”, entre outras.
Será analisado como a defesa do uso ritual e religioso de um
“sacramento” relaciona-se com a lógica do proibicismo,
acabando, por vezes – paradoxalmente – por reafirmar alguns
de seus princípios. Iglesias de Ayahuasca: del chamanismo a religiones universales de salvación La presentación resalta algunos ejes que caracterizan la transformación del uso informal y esporádico de la Ayahuasca que hacían los curadores y chamanes indígenas y mestizos hacia el uso reglamentado, sacramental y eclesiástico en las iglesias de Ayahuasca que fueron fundadas en Acre, Brasil, a partir de la década de 1920. Se centrará la discusión en la iglesia del Santo Daime y la União do Vegetal (UDV). La diferencia principal con el uso chamánico es la desaparición de la figura del chamán dentro de los rituales de las iglesias. Esto está asociado a una variedad de consecuencias. La ausencia del chamán modificó la concepción del uso terapéutico de la bebida. En el chamanismo típico, la Ayahuasca es una herramienta de diagnótico, pero en las iglesias se transforma en sacramento con un valor curativo intrínseco asociado a la moralidad del sujeto. Del mismo modo, la ausencia del chamán transformó los performances terapéuticos, las cuales desaparecen del culto. El culto se vuelve sobrio, sin interacción ni contacto físico entre participantes. La experiencia subjetiva de la Ayahuasca deja de ser interpretado en términos políticos (por ejemplo, como luchas entre chamanes rivales) y, en cambio, pasa a comprenderse como una exploración psíquica instrospectiva e individual. De este modo, las visiones y purgas son consideradas exploraciones y limpiezas morales, en vez de expulsiones de elementos intrusivos externos enviados por enemigos. Por otro lado, una liturgia única y rígida, el uso del lenguaje vernacular (portugués) y una reglamentación estatutaria de los centros y del comportamiento ritual genera un patrón único que facilita la fundación y expansión de las iglesias a otras localidades y países bajo una única estructura burocrática eclesiástica. Finalmente, la producción, abastecimiento, distribución y condiciones del consumo de Ayahuasca se hace por circuitos regulados y controlados por cada organización e independientemente del mercado u otras vías de distribución. Esto garantiza y obliga a los centros y sus participantes a mantenerse dentro del campo de influencia eclesiástica para poder llevar a cabo sus rituales. 6) Dr. Décio de Castro Alves (Psicólogo Clínico - Coordenador do Programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Santo André e Membro do Comitê Científico para Políticas de Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde) A política do Ministério da Saúde para o álcool e outras drogas Apresentação da
"Política do Ministério da Saúde para a Atenção 7) Edward MacRae (Antropologia-UFBA/CETAD/NEIP) A importância dos controles sociais informais sobre o uso de substâncias psicoativas Esta apresentação enfocará os controles sociais vigentes sobre o uso das subtâncias psicoativas sejam eles formais, na forma de leis e regulamentos oficiais, sejam eles informais como as normas, regras de conduta, e os rituais sociais que surgem de maneira espontânea entre usuários e que podem constituir verdadeiras subculturas. Será defendida a posição de que os controles informais exercidos por pares e outros indivíduos ou instituições com os quais o sujeito interage diretamente são percebidos como mais pertinentes e são muito mais eficazes do que meros da legislação. Embora os impactos simbólicos e práticos da lei não devam ser desprezados, será defendida a posição que uma postura de diálogo franco com usuários, em que seja demonstrado respeito por seus valores e anseios é muito mais útil à prevenção de danos relacionados ao uso dessas substâncias que atitudes proibicionistas adotadas de forma dogmática e unilateral. As drogas e a historicidade
dos conceitos. Autonomia e heteronomia nas tecnologias químicas
da subjetividade 9) Isabel de Rose (Mestre em Antropologia Social UFSC/NEIP) Algumas reflexões sobre a “cura” no Santo Daime. A preocupação da
cultura daimista com a cura já foi notada por estudiosos como
Couto, Groisman, Goulart, MacRae e Monteiro da Silva que discutiram
as concepções daimistas de cura, doença e salvação.
Maria Cristina Peláez dedicou sua dissertação a
esta temática, enfocando a relação entre as práticas
terapêuticas e os estados modificados de consciência. Groisman
e Sell destacaram a intensidade, a presença constante e a preocupação
com a natureza terapêutica do Santo Daime, afirmando que o processo
daimista de cura pode ser caracterizado como “a culture of healing”. 10) José Ricardo Gallina (Psicanalista e Mestrando em Ciências da Comunicação pela ECA-USP/NEIP) Sobre o poder de (des)construção das mídias O conceito das mídias em sentido amplo está fundamentado nas noções de mediação, veiculação ou transmissão. De comunicação e informação sobre certos saberes de interesse público. Os avanços tecnológicos da alta modernidade trouxeram grande impulso às comunicações e uma conseqüente proliferação de informações de interesse dúbio diluídas entre os interstícios sociais. Evidentemente, os interesses de grupos econômicos, ou mesmo de países hegemônicos, no cenário mundial, prevalece no que concerne à distribuição e hierarquização dos meios, através das agências de informação e estratégias publicitárias de alcance globalizado. Porém, seria uma visão parcial considerar apenas a existência de um controle formal sobre as informações. Tratar das mídias como um ‘balaio de gatos pardos’ é lançar sobre os mais diversos veículos de comunicação um olhar imaginário e persecutório. [Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova-ordem mundial]. O poder de construção da realidade, a partir de alguns grupos ou discursos dominantes, sobre as transmissões e informações, enfrenta como contraponto outras formas de des-construção dessa mesma realidade. No que tange ao consumo de substâncias psicoativas nas diferentes épocas e sociedades, existe uma tendência simplificadora e generalizante de tratá-las como drogas, e de associá-las rapidamente ao sub-mundo da violência e da degradação moral – o mesmo ‘balaio de gatos pardos’. Esse modo arbitrário e preconceituoso de abordar as diferentes práticas e substâncias, no entanto, nem sempre encontra eco, mas sim refração na imprensa e em meios vinculados aos interesses da juventude e às artes. Como na música, há uma sintonia fina entre diferentes grupos que discrimina a afinação ou tonalidade adequada para o tratamento desses hábitos. 11) Laércio Fidelis Dias (Doutorando em Antropologia Social, USP) Aspectos sócio-culturais do consumo de bebidas alcoólicas entre os grupos indígenas do Uaçá. Este texto propõe uma reflexão acerca dos significados do consumo de bebidas alcoólicas a partir de dados etnográficos sobre os Karipuna e os Galibi Marworno que vivem nas Terras Indígenas da região do Uaçá, extremo norte do Estado do Amapá. Já está bem estabelecido na literatura antropológica sobre o tema que, onde quer que um ou mais tipos de bebida alcoólica estejam disponíveis, seu consumo é utilizado para definir o mundo social em termos de significados simbólicos. Toda bebida é um veículo simbólico que carrega uma mensagem. Identifica, discrimina, constrói e manipula sistemas sociais, valores, relações interpessoais, normas e expectativas de comportamento. O argumento central deste texto é o de que a qualificação do consumo como indesejável não está intimamente ligado à quantidade de bebida. As percepções indígenas do excesso indicam que seu valor é ambivalente. Pode ser culturalmente adequado ou inadequado, e é apenas o contexto que define se há excesso e o seu valor. 12) Leandro Okamoto da Silva (Mestre em Ciências das Religiões pela PUC-SP/NEIP) Limpeza, cura e ordem no Santo Daime. Os relatos sobre as experiências com a ayahuasca são repletos de descrições sobre visões e vivências numinosas carregadas de significados e ricas em simbologias. Menos freqüentes, embora sempre presentes, são as descrições das reações negativas da substância: vômitos, diarréias, sudores, confusão mental, sensação de indiferenciação, entre outros. Analisaremos esse fenômeno, e a forma como ele é revestido de significados, em um grupo específico: o Santo Daime. Da mesma forma que ocorre com as visões, os efeitos purgativos e sombrios da ayahuasca recebem contornos e interpretações próprias de acordo com o contexto cultural. No Santo Daime ela é conhecida como peia, e é genericamente entendida como um castigo aplicado pela própria bebida, tida como um “ser divino”, em virtude de falhas morais ou despreparo do sujeito. A análise se dá a partir de duas perspectivas distintas e complementares. A primeira perspectiva vê a peia como uma categoria central do processo de cura. A peia seria a própria exteriorização e materialização das doenças, que devem ser compreendidas e corrigidas em suas causas, quase sempre de natureza moral. A segunda perspectiva de análise vê a peia como um elemento de coesão social. Se no âmbito individual a peia deve ser vivenciada e compreendida, no âmbito coletivo ela ajuda a moldar o comportamento adequado esperado pelo grupo, de forma a evitá-la. A peia torna-se um instrumento de poder, que por um lado fornece referenciais baseados na tradição oral do grupo e, por outro, auxiliam o indivíduo a enquadrar a própria peia nessa mesma tradição. 13) Lucas Kastrup Fonseca Rehen (Mestrando em Ciências Sociais pela UERJ/NEIP) Rastafari: A "Natureza" como construção da identidade religiosa O objetivo deste trabalho é
analisar os principais elementos da filosofia religiosa rastafari. Nascida
nas montanhas jamaicanas na década de trinta, esta filosofia
se espalhou no contexto urbano jamaicano e em diversas partes do mundo,
a partir dos anos setenta.
Paisagens Existenciais e Alquimias Pragmáticas: uma reflexão comparativa do recurso às “drogas” no contexto da contracultura e nas cenas eletrônicas contemporâneas Uma articulação entre as cenas eletrônicas contemporâneas e o consumo de substâncias sintéticas por jovens de camadas médias urbanas tem sido objeto de nossa reflexão nos últimos anos. Entre os resultados desta pesquisa, destaca-se como subproduto a necessidade de estabelecer uma perspectiva comparada com as gerações representativas da contracultura em nossa sociedade, na medida em que acreditamos estar em curso um redirecionamento dos valores, práticas e investimentos subjetivos associados ao consumo de “drogas”. No âmbito deste trabalho, restringiremo-nos a pensar relações de ruptura e continuidade entre estas duas configurações geracionais de juventude, a partir dos seguintes eixos: estetização ou estilização da existência; “horizontalidade” ou “verticalidade” do consumo; “drogas” como bandeira ideológica e rebeldia ou como recurso de diversão e potencialização do bem estar; cultivos subjetivos ligados à problematização da existência ou a uma produção farmacológica de si, que instrumentalizaria as ‘substâncias’ em “combustíveis para a ação”. Afastamo-nos aqui de diagnósticos sombrios que apontam para um vácuo axiológico nas juventudes contemporâneas e sugerimos que o recurso às substâncias constitui arena privilegiada para refletir mais amplamente sobre as transformações subjetivas em curso e a montagem de modelos de cultivo de si pautados pelo consumo como possibilidade de intervenção corporal ativa. Por intermédio do gerenciamento simultâneo de inúmeras frentes de consumo, estes jovens transitam por múltiplas realidades, dotando-as de uma instrumentalidade sempre referida a ocasião e ao contexto. Ou seja, se para as gerações da contracultura o consumo de drogas era acionado como parte de um projeto existencial, para as juventudes contemporâneas tal consumo é um entre vários outros, todos concorrendo para a “asséptica” edificação de um regime permanente de bem-estar. A ocasião, operando como filtro, fornece simultaneamente a pauta do que é definido como bem-estar, assim como do que é preciso consumir a fim de alcançá-lo. A um bem-estar entendido como situacional, portanto, corresponde um cambiante modo de consumir e de significar o consumo. 15) Mauricio Fiore (Mestre em Antropologia Social, USP/CEBRAP/NEIP) Entraves ao potencial da mídia como veículo do debate público sobre uso de “drogas” Essa apresentação está ancorada em observações da abordagem midiática sobre o tema “drogas” e busca discutir alguns dos problemas crônicos que, no mais das vezes, têm tornado estéril a veiculação de um debate público sobre a questão. A hipótese é que esses problemas estariam relacionados a uma espécie de dispositivo (no sentido dado por Foucault ao termo) que é incondicionalmente acionado quando alguns temas são objetos de discurso midiático; no caso, esses objetos são as “drogas” e tudo que se relaciona a elas.
Redução de Danos, uma ampliação do olhar sobre o "fenômeno drogas”
17) Norberto Guarinello (História-USP) “O vinho: uma droga mediterrânica” Durante milênios, o vinho
foi um dos componentes fundamentais da vida das 18) Rafael Guimarães dos Santos (Biólogo, Mestrando em Psicologia, UnB/NEIP) A cura religiosa no contexto de um grupo da Barquinha - uma religião ayahuasqueira brasileira A Barquinha é uma das principais religiões ayahuasqueiras e, no entanto, é a menos estudada. Partindo de uma análise do histórico de um grupo de Barquinha que existiu por algum tempo nos arredores de Brasília-DF, o objetivo deste trabalho é o de descrever os significados e processos de cura neste grupo através de entrevistas abertas, semi-estruturadas e visitas ao local. Os temas abordados foram a cura e o sofrimento, pretendendo-se compreender o significado destas categorias neste contexto religioso particular. Os valores espirituais, morais e as regras sociais do grupo em questão são avaliados em conjunto com o consumo do psicoativo. Os efeitos da ayahuasca, neste contexto, são considerados como um “gatilho” para o processo de cura individual, não sendo considerados como um fim em si.
Festa e embriaguez na Amazônia indígena Abundam, na literatura etnológica,
relatos de festas de bebidas fermentadas – as assim chamadas cauinagens
– realizadas pelos mais diversos grupos. Essa comunicação
propõe uma interrogação sobre o lugar dessas bebidas
e seus efeitos psicofísicos não apenas na ética
alimentar de diversos povos indígenas, mas também nos
seus modos de pensar a condição humana e as relações
com o mundo não-humano. Em suma, pretendo mostrar que a embriaguez
não é ali um fato fortuito, mas sim algo revestido de
forte simbolismo e também fundamental na realização
de certos rituais. Parto, primeiramente, do exemplo dos antigos Tupi
da costa – em que embriagar-se era um ato associado à antropofagia
– para avançar sobre paisagens etnográficas atuais,
onde as tais bebedeiras continuam a se fazer notar. 20) Sandra Lucia Goulart (Doutora em Ciências Sociais pela Unicamp/ NEIP) “Diferenças mediúnicas
no culto do Mestre Daniel”
A lei, o tabu e os fatos Maioridade penal, venda de armas, cassinos, aborto, pena de morte – inúmeros temas são discutidos à luz da legislação vigente e, em alguns, casos existem até campanhas organizadas pela revisão de determinados pontos. Curiosamente, há posições que podem ser defendidas abertamente, outras não. Ninguém sofre represálias por pedir a liberação oficial dos cassinos no Brasil, mas quem for a favor da descriminalização do aborto corre o risco de ser banido dos programas de TV. Obviamente, é o que acontece em relação à descriminalização/ legalização da maconha: quem se pronuncia a favor de uma mudança da lei pode ser acusado de "apologia ao uso de drogas" (como se esse não fosse o caso, na verdade, dos comerciais de cerveja...). O tema é tabu, e freqüentemente a discussão se baseia em mitos e mentiras, sem levar em conta a mera realidade (como o fato irrefutável de que nem todo usuário é compulsivo ou dependente). Portanto, antes de defender a descriminalização, os debatedores têm de defender o direito de defendê-la – é o que tenho feito.
Tráfico, Guerra, Proibição É bastante usual encontrar referências ao conjunto de violências agenciado pelo tráfico de drogas que o apontam como sinal da suposta “desestruturação” ou “anomia” registrada pelas sociedades contemporâneas. A questão do uso de drogas psicoativas e de seu comércio ilícito é, hoje, um poderoso campo onde impera o consenso proibicionista. As palavras de ordem reprimir, combater, extirpar as drogas escondem mal as intenções que nutrem uma guerra que é declarada em nome da sociedade e para salvá-la de “venenos insuportáveis” e “criminosos vis”. A presente comunicação pretende problematizar a Proibição reparando na eficácia e nas positividades que a declaração universal de guerra às drogas coloca em marcha para sustentar uma guerra de fato dirigida a grupos específicos e que potencializa capacidades de governo doméstica e internacionalmente. 23) Tiago Coutinho Cavalcante (Mestre em Antropologia Social, UFRJ/NEIP) O uso do corpo nos festivais
de música eletrônica 24) Wladimyr Sena Araújo
(Mestre em Antropologia Social pela UNICAMP/ Pofessor da UNINORTE/Consultor
da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Acre) 25) Centro de Convivência É de Lei Painel – mostra permanente
– “Redução de Danos como alternativa de Política
Pública para usuários de drogas”. >>início
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